domingo, 24 de março de 2019

Corrida Nº 176 - Maratona do Vinho - Bento Gonçalves-RS - 10fev2019

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... Postagem atrasada ...
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Com a pior preparação já feita para uma maratona, encarei com muita coragem a Maratona do Vinho em Bento Gonçalves com o percurso mais difícil de todas as maratonas em que já participei.


"Ousado é aquele que parte pra cima das dificuldades sempre com um sorriso no rosto em busca de alegria. Mesmo sabendo que muitos farão de tudo para te deixar triste."



Segue abaixo os dados gerais da prova.

Prova número: 176
Nome da prova: Maratona do Vinho
Cidade: Bento Gonçalves-RS
Data: 10 de fevereiro de 2019
Distância: 42kms
Tempo: 3h30min57seg
Media por quilometro: 5min01seg
Colocação geral: 10º lugar
Atletas no geral: 137 atletas
Colocação na faixa etária de 40 a 44 anos: 3º lugar
Atletas na faixa etária: 28 atletas
Número total de pódios (fora de Ubiratã): 83
Pódios por classificação geral: 28
Pódios nas categorias por faixa etária: 54
Pódios por equipes e/ou duplas: 1
Número de peito: 773


No último dia 10 de fevereiro de 2019 estive em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul participando da Maratona do Vinho. O percurso foi todo pelo Vale dos Vinhedos passando por diversas vinícolas, parreirais e floresta.
Muitas estradas de terra com inúmeras e infindáveis ladeiras.

Fui para o Rio Grande do Sul com o pessoal de Cascavel.
Saímos às 21:30h de sexta-feira (08) e chegamos em Bento Gonçalves beirando o meio-dia do sábado (09). Foram 14 horas de viagem de Cascavel à Bento Gonçalves e somando mais duas horas que tive de Ubiratã à Cascavel, viajei no total de 16 horas e praticamente sem dormir. Pois, o ônibus que fomos, de Cascavel à Bento, era muito ruim. Muito apertado e as estradas também não ajudavam muito devido às centenas de buracos que dificultava pegar no sono e pra piorar fui o último a chegar no ônibus e acabei indo lá no último banco. E lá atrás o micro-ônibus parecia pular mais do que cabrito. rsrs
Por sorte, após o almoço em Bento Gonçalves consegui dormir um pouco.

Antes, porém, fomos retirar os kits e a tarde, por volta das 17 horas fomos fazer uma visita na vinícola Aurora. A maior vinícola do Brasil. Ela produz em média 73 milhões de litros de vinho por ano e estava em plena produção. Já que é nesta época do ano que são realizadas as colheitas da uva lá naquela região do Rio Grande do Sul.
Após a visita fizemos uma degustação de vinho e em seguida fomos até loja da vinícola para comprar algumas garrafas para trazer para casa.

Depois da visita retornamos à pousada, eu ainda dei uma pequena volta nos arredores, tomei umas cervejas com os amigos feito na viagem e após retornamos à pousada, jantamos e fomos dormir por volta das 22:30h, mais ou menos.

Acordamos por volta das 5 horas da manhã e após o café seguimos para o local de largada.
O tempo estava bastante nublado. Bem diferente do dia anterior quando estava um calor imenso.
A largada se deu pontualmente às oito horas da manhã e saímos rumo ao Vale dos Vinhedos onde passaríamos por centenas de barreiras, vinícolas e muita, mais muita ladeira. rsrs

E como citei logo no início, esta foi a pior preparação que eu já fiz para uma maratona.
Após a Maratona de Curitiba em novembro do ano passado, eu praticamente não terminei nada de corrida.
Descansei todo o restante do mês de novembro e em dezembro me lancei a um desafio de pedalar 1.000kms e neste mês os treinos de corrida foram praticamente deixados de lado. Porém, ainda participei de três provas no mês de dezembro.
Já em janeiro eu passei duas semanas de férias em São Paulo e retornei para casa apenas no dia 10 onde reiniciei os treinos. Ou seja, fiz basicamente um mês de preparação para esta prova e o meu maior treino foi de apenas 24kms e isso na quinta-feira que antecedeu a prova em Bento Gonçalves.
Depois de tudo isso eu não poderia exigir muita coisa para prova.
Mas, mesmo assim saí forte.

Cheguei a liderar a corrida em boa parte do primeiro quilômetro e após, continuei bem posicionado e segui os primeiros colocados por um bom tempo.
No início começamos correr em asfalto e uns dois quilômetros depois já pegamos um percurso de estrada de terra e já começava a aparecer os barreirais com seus belos, grandes e deliciosos cachos de uva.
Sei que são deliciosos por que cheguei a comer algumas uvas durante o percurso. rsrs
Percurso este, muito bonito por sinal. E muito cheiroso. O cheiro gostoso da uva era eminente em todo o percurso, que era hiper, mega tri difícil. Mas, a beleza compensava o sofrimento.
Eu acho. rsrs


O percurso no início era bem fácil. Tanto é que no primeiro quilômetro eu fiz bem abaixo de 4 minutos. Subi um pouquinho apenas no km seguinte e no km 3 cheguei a fazer 3min35seg. Estava bem fácil mesmo, e tranquilo. Cheguei a acompanhar de perto os primeiros colocados por um bom tempo.
Mas, o meu objetivo nesta prova era completar em torno de 3h30. Ou seja, eu deveria correr a um ritmo de 5min por quilômetro. Porém, no entanto, eu seguia num ritmo bem mais rápido que isso. Alias, mais rápido até do que eu vinha treinando. Mas, como o percurso estava bastante favorável naquele momento, então eu estava aproveitando.

Até o quilômetro seis eu havia feito três deles abaixo de quatro minutos. Somente depois desse ponto foi que eu comecei a segurar um pouco o ritmo, pois sabia que se eu continuasse forte, eu poderei me dar muito mal lá na frente e então, tratei de reduzir um pouco a velocidade para não dar chances ao azar. rsrs

Mas, apesar de ter diminuído o ritmo, ele continuava num bom ritmo. Raramente passava de 4min30seg. O que também havia planejado. Correr a primeira parte até no máximo 4min30seg e a segunda no máximo até os 5min30seg que assim daria uma media de 5 minutos e eu fecharia a prova nas 3h30 que era o objetivo.

Ainda no início da prova, acho que lá pelo km seis, talvez um pouquinho mais, não sei ao certo agora, passamos por baixo de um barreiral. Foi fantástico. E foi ali que experimentei a primeira uva. No entanto, ela ainda não estava totalmente madura. Mas, já valeu a participação. rsrs
Na saída do barreiral, já tive que dar uns quatro ou cinco passos caminhando, tamanho era o topzinho de saída do barreiral.
Saindo dali, em seguida teve um ponto de hidratação e estrada asfaltada por alguns quilômetros.


A prova já seguia bem adianta e lá pelo km 16 mais ou menos, começou uma leve chuva e persistiu por um bom tempo. Ora um pouco mais grossa, ora mais fina. Ora nem fina e nem grossa.

E eu seguia entre os cinco primeiros colocados. Pelo menos até o km 19. Na ocasião eu era o quinto. Depois de um ponto de hidratação ali no km 19 acabei perdendo uma colocação e caindo para sexto. Em seguida acabei perdendo mais uma e caí para sétimo. Mas, acompanhei os dois atletas por um bom tempo.
Até a passagem pelo rio, lá pelo km 21 ou 22 a diferença era pequena entre o quinto, o sexto e eu na sétima colocação. Depois disso o atleta quinto colocado abriu vantagem e 'sumiu'.
O sexto colocado seguia a menos de 100 metros à minha frente. Porém, por volta do km 30, quando saímos novamente do asfalto e entramos de novo em estrada de terra não mais avistei o sexto colocado.

"Correndo sobre as águas"

Na passagem pelo rio lá pelo meio da prova.



Imediatamente ao sair do asfalto avistei uma ladeira absurdamente íngreme. Não pensei duas vezes. Comecei a caminhar ali mesmo. O corpo já vinha bem cansado e arriscar manter-me correndo naquele morro só iria piorar a situação. Então, comecei a caminhar relativamente rápido nas subidas e trotar nas descidas e locais planos. Quando havia. rsrs
Nessa primeira subida, havia um bicicleteiro que seguia dando apoio ao atleta que estava à minha frente que também subiu caminhando e perguntei a ele se havia muita subida até o final e ele me disse que havia uns 8 ou 9 kms.
Ou seja, faltava 12kms e deste total, só uns 8 ou 9 eram subidas. Será que eu tava ferrado? rsrs
Por sorte eu tinha feito uma primeira parte bem forte e podia ir administrando o tempo dali até o final.

Mas, sei que seria bem complicado, pois as subidas eram uma mais difícil do que a outra. Umas eram bem longas. Com pedras soltas. Outras estavam bastante íngremes e devido a chuva ficaram bem escorregadias. O jeito era ir do jeito que dava. rsrs

As subidas era tão fortes que em cheguei a fazer 7min24seg no km 32 e 8min13seg no km 36. Acho que seria mais fácil subir em coqueiros do que correr por ali. rsrs
Por sorte, nesse momento eu já havia reencontrado o pessoal dos 21kms e isso "animava" bastante. Pois, eu não era o único que estava sofrendo horrores por ali e nem caminhando sozinho. rsrs

Mas, chegou em determinado momento que até nas descidas e retas eu tive que caminhar devido há algumas dores no tórax. Acho que em função do esforço. Mas, como faz tempo que não faço exames, procurei me poupar do esforço da corrida quando as dores surgiam mais fortes. E seguia como dava e até acabei perdendo algumas colocações neste final de prova. Porém, nem me preocupava muito. O que eu queria mesmo era que terminasse logo aquilo ali. rsrs

Por volta do km 39, enfim um posto de hidratação com água gelada. Peguei dois copos, um punhado de gelo e fui tomando água e comendo gelo.
Não sei porque, mas em determinados momentos de uma prova desgastante como é o caso da maratona, não consigo ingerir nada. Nem gel, nem frutas. Só gelo mesmo.
Teve um casal que fazia os 21kms e me acompanharam por um bom tempo neste final e vez ou outra me perguntavam se eu estava bem, pois viam a dificuldade que eu fazia para continuar correndo e me ofereciam água e uva. Eu não pegava, mas agradecia e dizia que estava tudo bem. Só estava cansado.
Depois de um tempo eles seguiram e eu fui no meu trote e caminhada. Na verdade, mais caminhada do que trote. Mas, seguia.


Enfim, o sofrimento estava chegando ao final.
Passado do km 41 era só focar na chegada e relembrar cada bom e mal momento vivenciado na prova. Tudo foi fantástico. Apesar de todo este sofrimento, eu faria tudo de novo. É lógico que com uma melhor preparação. rsrs

Por fim, avistei o pórtico de chegada onde finalizei esta bela, sofrida, mas belíssima maratona com o tempo de 3h30min57seg.

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Chegando para completar a minha 17ª maratona.
Seria a 18ª se não fosse aquele abandono no km 38 de uma prova em Assunção em 2011. rsrs
Mas, enfim...


Apesar da péssima preparação e do dificílimo percurso, este não foi o meu pior tempo em maratonas.
Incrível né? Mas, são coisas do destino.

O meu pior tempo foi em 2009 em Foz do Iguaçu quando quebrei no km 22 e dali em diante fui obrigado a intercalar corrida e caminhada até o final.
E essa prova de Bento Gonçalves fica então, sendo o meu segundo pior tempo já feito em maratonas. Porém, com um detalhe importantíssimo; este é o percurso mais difícil que já corri. Mas, sem dúvida, o mais bonito também.
Em certos momentos a gente ficava sozinho no meu do nada. Só apreciando a paisagem. E claro, torcendo para não errar o percurso, que na minha opinião, deveria ser mais bem sinalizado.
Mas, nem por isso deixa de tirar o brilhantismo da prova que eu super recomendo.


E após completada a corrida, recebi minha medalha. E a propósito, que medalha fraquinha. Poderia ter caprichado mais. Pois o sofrimento foi gigantesco. Mas, enfim...
Recebi-a e fui me hidratar.

Havia várias opções de hidratação. Porém todos "regulados". Ou seja; você recebia um papel, tipo uma comando de restaurante, com um cordão que você pendurava no pescoço e conforme você ia pegando o determinado item, ele era riscado neste papal e você não mais poderia pegar. Por exemplo, as frutas. Havia banana, melancia e uva. Você só poderia pegar um de cada, ou três iguais. Achei completamente errado isso.
Mas, no final, acabaram liberando, pois iria sobrar demais e ele não queriam jogar fora.
Alguns pontos desta hidratação final não marcavam nada no seu papel e você poderia repetir quantas vezes quisesse.
Eu aproveitei bastante no vinho. rsrs
E posteriormente na uva, quando liberaram...

Após uma boa hidratação acabei entrando numa caixa de gelo que lá havia disponível aos atletas e isso me ajudou muito. Não senti praticamente nada de dores nas horas e nos dias seguintes e pude retomar os treinos mais rapidamente.
Depois que saí do gelo tive que me proteger, pois a chuva apertou e isso fez demorar a premiação e era quase certeza que eu havia pego pódio, pois no ano anterior o primeiro colocado da minha categoria havia completado com quase quatro horas.
Este ano porém, a disputa havia sido em pouco mais forte e quando saiu a premiação fui chamado em terceiro lugar. E subi no pódio feliz da vida e recebi três garrafas de vinho como premiação que depois repassei a três amigos de Ubiratã por 50 reais cada. Não pelo conteúdo em si, pois o vinho não valia isso tudo. Aleguei que era uma forma de me ajudar nas despesas que tive na prova e adquirindo o vinho eles se tornaria um patrocinador e por isso quero deixar aqui registrado os meus agradecimentos ao Edson Leite, Leonardo Zampieri e ao João da Comando Motos.


Pra finalizar quero dizer, mais uma vez, que a prova tem um percurso muito difícil. Completamente cheio de ladeira, principalmente após o quilômetro 30. Mas, a paisagem do percurso é linda demais e vale muito a pena participar. Fiquei encantado com tudo que vi pelo caminho e recomendo a prova. Porém, aconselho você a treinar ladeira. Muita ladeira. rsrs

Só pra constar. Terminei a prova na décima colocação geral e um dia pretendo voltar e tentar ficar entre os cinco primeiros colocados e trazer mais vinho pra casa. rsrs

Quero agradecer imensamente a ultramaratonista Vanusa de Cascavel por ter organizado esta excursão e pedir a Deus que Ele dê uma ótima e rápida recuperação à ela que foi diagnosticada, dias depois desta prova, com câncer de mama. Por sorte ainda na fase inicial. Portanto, as chances de cura são bem maiores. A cirurgia dela foi feita na segunda-feira que antecedeu esta postagem e ela já está em casa se recuperando.

Que Ele permita uma recuperação total para você voltar com tudo e mais um pouco amiga Vanuza.
Muito obrigado por nos proporcionar conhecer este belo e maravilhoso cenário na Vale dos Vinhedos.

Quero aproveitar também e agradecer a Deus por mais esta prova, e por ter amigos especiais neste mundo.



Segue abaixo várias fotos:

O kit da prova.
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Na retirada do kit.
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Pouco antes do almoço numa bela igreja de Bento Gonçalves.
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Galera do ônibus de Cascavel e região que viajou para a prova.
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Em visita a Vinícola Aurora.
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Vídeo da Vinícola Aurora.
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Durante um rolezinho por Bento Gonçalves em outra belíssima igreja onde iria acontecer um casamento.
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Antes da prova.
Ainda escuro.
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Parte do pessoal de Cascavel presente na prova.
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Por volta do quilômetro 3, após o primeiro posto de hidratação, eu vindo ali em quarto lugar.
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Mais ou menos no quilômetro 5 e ainda em quarto lá atrás.
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Passando por baixo dos parreirais.
Aqui é mais ou menos perto do quilômetro 9.
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Com belas passadas e em belos cenários.
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Na passagem pelo rio.
Mais um dos belos cenários do percurso.
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Diferente da foto anterior, aqui a cara é de dor e sofrimento.
Já perto do km 40 e todo molhado devido a chuva.
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A cerca de 100 metros da chegada.
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Enfim... Mais uma maratona concluída.
Tempo oficial de 3h30min57seg.
10º geral e 3º na faixa etária.
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Apesar de todo sofrimento; valeu a pena.
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Após a prova.
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A fraquinha medalha com o símbolo da prova: um cacho de uva.
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Depois de muita expectativa e demora, principalmente devido a chuva, enfim a premiação da faixa etária de 40 a 44 anos.
Confesso que esperava uma colocação melhor, pois no ano anterior o primeiro colocado desta prova completou o percurso com mais de 3h50min. Mas, este ano a disputa foi mais forte. Acho que o clima e a temperatura também ajudaram na performance dos atletas.
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Classificação da faixa etária dos 40 aos 44 anos.
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O troféu, meio 'vagabundo' e as três garrafas de vinho como prêmio.
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Eis as conquistas daquele final de semana em Bento Gonçalves.
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Classificação dos 35 primeiros colocados no geral masculino.
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Classificação das 35 primeiras colocadas no geral feminino.
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Dados da prova através do Strava.
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A bela camiseta da prova.
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A bela paisagem já saindo de Bento Gonçalves.
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Pequeno vídeo do local acima.
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Pra fechar, um videozinho feito pelo relive.cc do percurso.



E assim foi mais uma prova na vida de deste simples atleta amador que vos escreve...


#tuttamaratonista

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