CINCO SEMANAS.
Esse foi o tempo entre cruzar a linha de chegada da Maratona de Criciúma — a minha 43ª, completada em 2h49 sob muito esforço — e embarcar novamente rumo a mais um desafio de 42 quilômetros.
Cinco semanas apenas… e lá estava eu, com a mala na mão, a fé no peito e o coração pulsando pela 44ª maratona da minha vida.
E, mais uma vez, Santa Catarina seria o palco.
O mesmo estado onde no ano passado conquistei o 5º geral em Jurerê e ainda registrei meu recorde pessoal.
Mas desta vez a história seria outra.
Segue os dados gerais da prova:
Corrida número: 265
Nome da prova: Maratona de Jurerê
Cidade: Jurerê-SC
Data: Domingo, 02 de Novembro de 2025
Distância: 42,2kms
Tempo: 2h56min49seg
Média por quilômetro: 4min11seg
Classificação geral: 23º lugar
Atletas no geral: 488 atletas concluintes
Classificação na categoria por faixa etária 45/49 anos: 2º lugar
Atletas na faixa etária: 62 atletas
Número de pódios (fora de Ubiratã): 150 pódios
Pódios por classificação geral: 67 pódios
Pódios na categoria por faixa etária: 75 pódios
Pódios em equipes e/ou duplas: 8 pódios
Número de peito: 454
Um atleta cansado, mas nunca derrotado
O plano para 2025 em Jurerê não era voar.
O corpo já vinha pedindo descanso: meses seguidos de trabalho pesado, finais de semana sem pausa, treinos exaustivos, acúmulo de provas e a recente maratona em Criciúma ainda ecoando em cada fibra muscular.
Ainda assim, existia dentro de mim um objetivo silencioso, quase teimoso: correr abaixo das 3 horas novamente.
Se viesse algo abaixo das 2h50, melhor ainda. Mas o foco era honrar minha trajetória e fechar o ciclo de maratonas do ano em grande estilo. Mas, não buscar um novo recorde.
E assim começou a jornada rumo a Jurerê.
Na sexta-feira, dia 31 de outubro, às 15h15, deixei Ubiratã juntamente com minha esposa e enteado.
Ônibus para Campo Mourão. Depois, às 20:00 horas, o ônibus que nos levaria para Florianópolis.
Chegamos por volta das 8h30 da manhã do sábado.
Enquanto esperava um amigo chegar de São Bernardo do Campo, tomamos café ali mesmo, na rodoviária. Depois pegamos um outro ônibus e seguimos para Jurerê e fomos direto para a retirada do kit — e logo em seguida para a pousada Central Mar em Canasvieiras, onde felizmente o proprietário liberou o quarto antes do horário.
O dia seguiu leve: almoço, descanso, um tempo na beira-mar com a família e até a visita surpresa do irmão da minha esposa, que veio de Itajaí só para nos ver.
À noite, pizza… e cama depois das 22h.
Aquela era a calmaria antes da tempestade.
Acordei às 4h da manhã.
Um café rápido.
Mensagem para o Douglas e logo depois, o Marcos — que faria sua estreia em maratonas — passou para nos buscar.
Chegamos cerca de 40 minutos de antecedência.
Clima perfeito: friozinho leve, garoa fina, atmosfera de filme.
Nem levei a GoPro. A regra da Cbat era clara: acessório eletrônico poderia causar desclassificação. E eu não estava ali para correr riscos — estava ali para correr uma maratona. rsrs
Quando liberaram o acesso ao local de largada, procurei me posicionar perto do pórtico.
Na hora da largada, o pelotão de elite (que só tinha 7 atletas) largou cerca 20 segundos antes.
Achei desnecessário. Se eles são bons, tem que disputar de igual pra igual com nós amadores.
Mas, enfim ...
E, quando chegou a minha vez de largar…
Eu sabia: meu corpo não estava no nível do ano anterior, quando fiz 2h37 ali mesmo em Jurerê.
E sabendo disso, ajustei o Garmin para me avisar caso passasse de 3min50/km, mas o plano era controlar: correr perto de 4min/km na primeira metade e depois ajustar para algo como 4min15.
Km 1: 3:38
Km 2: 3:40
Sim, mais rápido que o planejado — mas fluía fácil, natural, sem esforço excessivo.
Logo no km 4 forma-se um grupo de aproximadamente seis atletas. No km 5 já estávamos fechados como um pelotão. Turnos espontâneos de liderança, incentivo mútuo, sincronia — parecia até que havíamos treinado juntos.
No km 10 passo com 38:30.
No km 15, perto de 57 minutos.
Um ritmo sólido, firme, esperançoso.
Mas maratona é uma prova que sempre cobra seu preço.
Depois do km 20, o grupo começou a se desfazer.
Alguns aceleraram, outros ficaram.
E eu comecei a sentir o cansaço chegar em ondas silenciosas.
Passei a meia com 1h21 — uma marca excelente, mas meu corpo já mostrava sinais de desgaste. Logo depois, meus quilômetros começaram a ultrapassar a barreira dos 4 minutos.
Km 26, 27, 28…
Vários trechos acima de 4min10.
Chego ao km 30 ainda num ótimo tempo total, mas com as reservas se acabando.
E então, como diria o Chico da Tiana: Dali pra frente foi só pra trás. kkkk
O corpo pediu socorro.
A mente lutou.
O coração não deixou eu parar.
Km 34: pace de 4:45.
Caminhei por uns 50 metros para tomar uma Coca-Cola.
O mundo girou, mas eu segui.
Km 38: mais uma caminhada curta e logo passei em frente à chegada — mas ainda precisava fazer o retorno final.
Doía a alma ver a linha de chegada tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. rsrs
Km 40: quase passando mal.
Relógio marcando algo entre 2h44 e 2h45.
Eu estava “aéreo”, lutando comigo mesmo.
Um atleta me ultrapassa, vê meu sofrimento e me incentiva.
Era justamente o campeão da minha categoria.
No último retorno, vi o Edu Garcia do outro lado — que seria o terceiro da categoria - um incentiva o outro.
E esse encontro, as palavras, aquela troca de energia reacendeu a chama e eu não caminhei mais.
Corri. Devagar, mas corri. kkkk
Com orgulho.
Com vontade.
Com a certeza de que desistir jamais seria uma opção.
Vinha exausto, quase no limite.
Fiz uma última curva a esquerda e entrei nos 200 metros finais e cruzei a linha de chegada com 2h56min49s.
Meu pior tempo em Jurerê.
Meu pior tempo em maratonas em Santa Catarina.
E, ainda assim … Uma das chegadas das quais mais me orgulhei.
Não por apenas ter completado mais uma maratona. Mas, por ver minha esposa ali, torcendo por mim.
E também por saber que naquele dia não venceu quem correu mais rápido.
Venceu quem não desistiu.
Venceu quem honrou o próprio limite.
Venceu quem, mesmo cansado e esgotado, correu com o coração.
E assim fui eu...
Sub-3 novamente.
Maratona nº 44 concluída.
2º lugar na categoria.
Nada — absolutamente nada — para reclamar.
Só agradecer.
Batalha vencida."
Ao final, precisei de assistência médica. Minha pressão baixou.
Mas, logo já estava bem novamente e já pude continuar a hidratação. Jurerê dá show de hidratação.
Tem de tudo que um atleta possa imaginar.
Depois ainda, fiz um tratamento com uma "botas" que inflam - não sei o nome - mas foi super relaxante.
Por fim, fui aguardar a chegada dos novos maratonistas de Ubiratã.
O primeiro a chegar foi o Marcos que fez uma excelente estreia (3h51min55seg).
Depois a Natalie com 4h4min26seg e já estreou conquistando pódio. Ela foi a 2ª colocada em sua categoria.
Depois veio o Lucas com 4h49min14seg e por fim, Heliton que fez uma excelente preparação, mas acabou sentindo câimbras durante o percurso e acabou só administrando sua estreia até cruzar linha de chegada com 4h50min53seg.
Teve também o ultramaratonista, Vitor, de Ubiratã que fez os 21kms o sábado e fechou a prova em 1h56min51.
Orgulho demais dessa turma que leva nossa cidade cada vez mais longe.
Depois da batalha, o merecido descanso
Após a prova e a premiação, voltei ao hotel e aproveitei dois dias incríveis com a família nas praias de Canasvieiras.
Voltamos no dia 4 de novembro, levando na bagagem não só medalhas — mas memórias, aprendizados, superação e uma certeza: A maratona 44 não foi sobre tempo. Foi sobre caráter. Foi sobre resiliência. Foi sobre continuar.
E que venham as próximas, porque eu já nasci pronto.
Segue abaixo algumas fotos:
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